Hoje recebemos a feliz notícia de que o pedido de desapropriação da Comunidade Dandara (localizada no Céu Azul/ Belo Horizonte) foi negado pela Justiça (dessa vez escrita assim mesmo, com o “J” maiúsculo!). Isso significa que os moradores não serão retirados de suas casas. Mais que isso, significa uma vitória muito importante dos movimentos sociais no Brasil, desde sempre tão perseguidos e marginalizados.
Tivemos o nosso primeiro contato com a comunidade em 2011, quando fizemos um show lá, a convite dos amigos do Graveola e o Lixo Polifônico, que, num ato simbólico incrível, lançavam ali o seu segundo álbum. Foi quando conhecemos de perto a luta, e a forma de resistência. Pessoas “brigando” pelo direito de morar, de construírem suas vidas naquele local, mas, além disso tudo, com uma visão impressionante, totalmente cientes que a luta ia além daquele território e representava muito para outros que enfrentavam a mesma situação.
Ouvimos os relatos da Nil, uma das moradoras, e não houve quem não se impressionasse com a força de vontade daquelas pessoas, com o senso coletivo de solidariedade. Gente disposta a sair de suas casas para auxiliar na resistência de outras comunidades em situação semelhante. O tipo de coisa que a maioria de nós não acredita mais que exista, de tão habituados que estamos ao modo de vida individualista, tão propagado como o “único possível” nos dias de hoje.
A caminho do palco, meu amigo Sérgio Giffoni estava visivelmente, emocionado, assim como os demais, com os relatos que ouvimos. Subimos naquele palco com a certeza de que aquele lugar representava tudo aquilo que sempre “pregamos” nas letras. Que aquelas pessoas, definitivamente, eram a síntese de muito do que acreditamos. Nunca estivemos tão dispostos a fazer “o melhor show de nossas vidas” como naquele momento. Nunca o Julgamento fez tanto sentido pra gente quanto naquele contexto. Obrigado Nil, obrigado Lucas… Essa história foi contada outras vezes, mas nunca com esse gosto de vitória compartilhada. A resistência é deles, a luta é de todos.
Punho cerrado e erguido. Somos Todos Dandara (e todas as ocupações espalhadas Brasil afora)
PS: aguardamos o crédito da foto acima.